A Associação Portuguesa de Telemedicina (APT) em colaboração com as suas associadas, médicas investigadoras Catarina O’Neill e Margarida Matias, concluiu o estudo sobre a utilização da teleconsulta no SNS, durante o período da pandemia COVID-19. O estudo, que contou com o apoio da Ordem dos Médicos, teve como objetivo analisar a opinião de médicos e averiguar a viabilidade da teleconsulta como alternativa regular à consulta presencial após a pandemia.

Coimbra, 27 de Abril de 2021

Teleconsulta: uma realidade duradoura no Serviço Nacional de Saúde?

A pandemia COVID-19 desafiou a concepção tradicional de consulta, fazendo com que a teleconsulta ou consulta não presencial fossem utilizadas pela primeira vez de forma disseminada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) de modo a que os cuidados de saúde fossem assegurados aos utentes.

Na maioria das instituições a teleconsulta não era uma actividade usual e organizada, não existindo, portanto, instalações, plataformas ou tecnologias próprias, nem uma experiência prática por parte da maioria dos médicos, enfermeiros e demais profissionais. Na maioria dos casos, esta actividade partiu de um esforço individual, criativo e algo experimental de todos os intervenientes, utilizando da melhor forma os meios existentes.

A APT – Associação Portuguesa de Telemedicina, dedicada à promoção da telemedicina e de serviços de e-Health, em colaboração com as suas associadas, médicas investigadoras do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Catarina O’Neill e Margarida V. Matias, desenvolveu um estudo para avaliar a actividade de teleconsulta durante a pandemia, recorrendo a um questionário dirigido a todos os médicos do SNS.

Trata-se do primeiro estudo do género realizado em Portugal que permitiu caracterizar a actividade e analisar a opinião dos médicos relativamente à teleconsulta durante aquela fase da pandemia. Destaca-se a representatividade da amostra obtida, dado que 7,2% dos médicos que exercem funções no SNS, durante este período, responderam ao questionário. A teleconsulta foi utilizada por grande parte dos médicos do SNS (94% dos inquiridos) de diversas especialidades e de todas as faixas etárias, para continuar a assegurar cuidados de saúde aos utentes em todo o país.

“Reconhecemos que o contacto entre médico e doente, da forma que foi feito, foi a solução possível para ultrapassar os constrangimentos da pandemia. O estudo revela que estes contactos foram maioritariamente efetuados através de telefone. Precisamos, pois, de um investimento digital que seja consistente e estruturante, assegurando a criação de condições adequadas nas instituições de saúde para a realização de teleconsultas – em instalações, em infraestruturas tecnológicas (redes, equipamentos, plataformas específicas), para que os registos, relatórios e requisições possam ser processados adequadamente.” refere o Presidente da APT, Eduardo Castela, numa primeira reacção às conclusões do Estudo.

“Contactos telefónicos não são teleconsultas e os inquiridos são claros quando, ao pretenderem manter esta modalidade de consulta, sustentam a necessidade de recorrer ao suporte vídeo nas teleconsultas. Poderá estar assegurado, nestas circunstâncias, o futuro da teleconsulta, exibindo assim sinais muito positivos para a afirmação da telessaúde no Serviço Nacional de Saúde, designadamente para incrementar a capacidade de resposta do SNS após o surto pandémico” concluiu Eduardo Castela.