A SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, EPE) divulgou muito recentemente o registo fílmico da conferência “Prova de Conceito de Telessaúde Transfronteiriça” que ocorreu por ocasião da realização do eHealth Summit em 1 e 2 de Junho de 2021. O conteúdo da conferência cuja visualização pode ser feita em https://www.youtube.com/watch?v=GREAUKIclrY mereceu por parte do Presidente da APT, Dr. Eduardo Castela, o seguinte comentário onde revela que, afinal, a originalidade da Telessaúde Transfronteiriça remonta a 2000 e 2005!

Enviaram-me há dias um filme de um Evento- Health Summit, promovido pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) que se realizou em junho de 2021. Soube na altura desse acontecimento, mas propositadamente não quis saber pormenores. Hoje ganhei  “coragem” e fui ouvir o inicio do dito Evento. A Apresentadora falava do grande acontecimento do início de teleconsultas transfronteiriças.

Recordo-vos que em 2000 a primeira transmissão transfronteiriça foi feita por Coimbra com a Cidade da Praia em Cabo Verde. Efetuou-se uma teleconsulta em tempo real na presença do então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio acompanhado pelo Professor Jorge Simões e outras figuras eminentes, muitas da nossa cidade de Coimbra como é de calcular. Em 2005 começamos a fazer teleconsultas em tempo real entre o Hospital Pediátrico de Coimbra e o Hospital Gregório Maragnon em Madrid. A notícia foi divulgada por uma estação de televisão portuguesa. Em 2007 iniciamos regularmente e semanalmente teleconsultas com Luanda, Benguela, Praia e Mindelo. Agora mais tarde com S.Tomé e Príncipe. Foram consultados por esta teleconsulta transfronteiriça,  em tempo real, doentes destes países. Muitos deles transferidos e intervencionados aqui por Coimbra. A plataforma usada chama-se ainda hoje Medigraf de invenção portuguesa. Todos estes factos foram devidamente publicitados, mas rapidamente esquecidos.

Caros amigos da SPMS: está na hora de olharem para a história da telemedicina desde o início ao atual e portanto do que se passa fora da capital do Império.

Acredito, mais uma vez, que este meu escrito caia em saco roto, mas para nós trata-se de uma ingratidão que não merecíamos se bem que começamos a estar habituados.

Vou aguardar melhores dias.

Coimbra, 2 de outubro de 2021

Eduardo Castela

Presidente da Associação Portuguesa de Telemedicina